quarta-feira, dezembro 28, 2005

Que Maravilha!

Se existem coisas que preso na vida, uma delas é andar de avião. Primeiro porque já perdi as dores de ouvidos , depois porque é rápido, eficiente, confortável…uma verdadeira maravilha!

Tudo isto para contar que o ultimo voo que fiz entrará, sem dúvida, para o meu top 3 “voos solitários inesquecíveis”. O trajecto foi: Palma de Maiorca – Viena.
Ahhh… e como é bom entrar num avião e vislumbrar umas 10 hospedeiras vestidas com uma farda de ganga apertadinha ao corpo. 10 beldades da natureza. Atenciosas e precisas a encher o copo de sumo num avião com capacidade máxima de 100 pessoas, ou seja, quase uma preciosidade por fila.
O desfile continua… de segundo a segundo uma das donzelas pousava com algum artigo nas mãos: auscultadores, jornais, perfumes, canetas e o tradicional “comes e bebes”.
O voo melhora quando ligo os meus novos auscultadores (após uma conversa fútil com uma delas) e começo a ouvir os primeiros acordes da música “hot stuff”. Entre o rebolar dos meus olhos e o disparar da minha tiróide foi um tirinho. Momentos depois era ver-me aceitar uma sanduíche de salmão com a mão bem molhadinha.
Poupo-vos de mais detalhes.

Apenas lanço o repto: Se quiserem voar numa low-cost que vos transporte directamente para o fashion-tv (passo a publicidade) escolham Niki, a companhia associada da Air-Berlin…

terça-feira, dezembro 27, 2005

Breves

Este Natal fica marcado por uma mudança no visual, ao que decidi chamar “João Norte”. Óculos de massa típico dos executivos lá de cima + cabelo semirapado. A credibilidade médica insiste em não aparecer…

Nota: Na célebre ida ao oculista, ficou-me na memória uma frase; Fechado numa sala escura a tentar ler as letras minúsculas numa parede branca (o tão famoso teste de frustração a míopes). Com uma maquina sobre o nariz, fazendo lembrar um power ranger ou transformer, a Sr. Oculista, á medida que trocava as lentes da dita maquina, saiu-se com a seguinte frase:

“ Sabe… vou pôr uma abaixo porque os míopes são muito gulosos!”

sábado, dezembro 17, 2005

Desilusão McDonaldiana

Ja nao é a primeira vez que vou a uma cidade e vejo mais placas de sinalização deste explosivo e mitotico fast-food do que placas a indicar qualquer monumento interessante ou mesmo a direccionar o conductor/peão.

É passar na rua e ver McDonald 500m, McDonald 200m, McDonald 50m, e a bela versão tuga McDonald Já aqui ao lado.

Adiante. Entrei no Mac nº 1 de Brno que se situa na praça principal, Svoboda. A espumar saliva, apoderou-se de mim o desejo sunday caramelo.
Entre a rapidez e a minha deslexia checa consegui pedir o que tao desesperadamente ansiava.
Aqui surge o problema.

Posso dizer que já corri muito Donaldi por este mundo fora. No que toca a menus, bebidas e afins, e como é um franchasing internacionalmente bem sucedido, foi igual em todo o lado. Talvez com uma pequena diferença em relação às batatas.
Mas, tal é o meu espanto quando me estatelam à frente um sunday de caramelo do tamanho de um minimilk. O copo parecia ter sofrido uma degeneração qualquer deixando-o em metade. Caramelo? Nem ve-lo! Talvez pequenas gotas adocicadas na parte superior do gelado...
Cabisbacho, abandonei o estabelecimento.
Durante esta acção houve um rugar de infinitas pragas ao Sr. MacDonald, bem como ao boneco que o representa. (que é feio como a noite dos trovões!... se era suposto um boneco para entreter as crianças, foi literalmente um fiasco!).
Pronto, já me sinto melhor!

sábado, dezembro 10, 2005

Noite Checalatina

Encontramo-nos no centro. As personagens são: os 4 felizardos do costume (Vera, Joana, Miguel e Joao) mais duas portuguesas de enfermagem em estagio por Brno.
A vontade de ir beber um copo e descontrair após uma semana de trabalho atrai-nos para um club latino: El Sombrero.
Pode parecer estranho, mas os ritmos quentes já atingiram á muito este ice-berg.
Entramos com grandes expectativas numa cave semi-escura. Com alguma surpresa vemos uma pista cheia de pessoas abanando cabeças e ancas ao som... e agora sim vem a revelação.. (soam os tambores)... a Lambada.
Houve uma paragem onde, por segundos, cada um de nós fixou os olhos do seguinte com o intuito de certificar-se que a regressão de 20 anos não seria possivel. Mas, para contentamento de muito checos, foi. Luzes ao rubro, gritos de contentamento, era o auge daquela noite para alguns dos pseudo bailarinos que empregavam passos superalinhados, em tudo parecidos ao do clip YMCA.
Entre nós ouviam-se valentes gargalhadas, que serviram de mote para um animado convivio.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Longas Narrações: Oral Intenso

O meu primeiro exame universitario, pela via da oralidade, não poderia ter sido mais hilariante.
Avisados que ás 8.30 os examinadores estariam a entrar na sala para começar o dito cujo e visto que vivo no bosque de Brno estive na noite anterior a trabalhar num plano, meticuloso, para que nada falhasse e conseguisse chegar a horas.

Acordo ás 5 da madrugada.

Dou uma vista de olhos em dois ou tres ossos que ainda durante o sono palpitavam-me na cabeça e mais uma vista de olhos pelo cranio.

7.30 toca a campainha.

Era o homem da Cesky Telecom, responsavel por nos arranjar internet que à dois meses andava a ser trabalhada por telefonemas frenéticos e consecutivos á empresa.
Este homem, alto e farfalhudo, entrou por nossa casa a balbuciar o seu checo das beiras-altas, incompreensivel! Tentou dialogar connosco, ate perder a paciencia nas explicaçoes e começar a cortar os 2 outros telefones que tinhamos em casa para criar uma linha unica.

Pondo de parte os pormenores irrelevantes e aborrecidos.

Depois de comer o meu pequeno-almoço nas calmas, ás 8 horas decido chamar um taxi.
Atenção! Aqui é o ponto de viragem. Começa a adrenalina a disparar...
Do outro lado da linha oiço a senhora da rede taxis a repetir no seu, ainda bocejo matinal: " nemame taxis", o que significa: meu caro amigo, não há taxis, portanto páre de chatear-me e ponha-se a andar.
Desliguei. Abri a boca e soltei um grito de sofrimento, sem som.
Andei ás voltas em casa a tecer pragas á rede fugareira até que senti vibracoes na minha massa cinzenta e decidi pedir ao Sr. Farfalhudo para me levar ao centro. Com dificuldades, mais uma vez linguisticas, consegui a boleia.
Cheguei ao centro numa carrinha de 8 lugares, amarela forte das telecomunicoes checas.
Neste ponto, já um pouco atrasado, o meu cérebro decide ajudar-me e lembra-me que me esqueci em casa da bata branca, peça de vestuario obrigatoria para fazer exame.
Pois bem, decido correr 3 fármacias as 8.25 á procura de uma.
A sorte jogava ás escondidas comigo e teimava em não aparecer. Sem bata, e após andar 10m á procura de um taxi no centro, chego as 8.40 á sala de exame. Mal ponho o pé na entrada, soa o meu nome da boca do regente da cadeira. Á pressa, visto a bata de um colega ingles que ja tinha acabado o seu exame. Com a sobracelha a tremer e com espamos em todo
o corpo sentei-me á frente do Doutor Libor Pas (que poderá ser traduzido como: Dr. Liborio Paz ou Liborinho Paz).
Apos uma conversa animada, ou melhor, um monologo seco sobre a esfenoide, temporal e articulacoes da mao, arranquei um olhar do Liborio, que ate então olhava, reticente, para a folha que tinha em frente.
Minutos depois soaram palavras de consentimento e aprovação da sua boca.
Com o pingo na testa, consegui sorrir naquela manhã.

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Carnificina

Sextas feiras é dia da minha pratica de anatomia, algo que descrevo como a ida ao Talho.
Perceberão o porquê.
A aula dura sensivelmente uma hora, começando logo pela manhã. E como é tão agradavel, pela fresquinha, acabar de tomar o pequeno-almoço e entrar numa sala inundada em formol, em que o unico som que se destaca é o de carne humana contra a mesa.
A professora faz eco numa sala onde o silencio é de ouro. Com as suas luvas repletas de preparações humidas de musculos e articulações, procura, exaustivamente, com as suas pinças o que pretende explicar.
O cadaver vai mudando, mas em geral costumam ser de pessoas já com uma certa idade. O ultimo analisado era (datado de 2001). Objectivo: identificar os musculos dos membros superior, inferior e os faciais. Apos concluida a tarefa, houve um periodo de descompressão onde o dificil foi abstrairmo-nos da barba ainda por fazer que ostentava a cabeça solitaria de um individuo e as unhas, ainda por cortar, de uma meia senhora.
Que rico serão!

domingo, dezembro 04, 2005

Insólitos Brno

Vivo num pacato bairro desta cidade. Numa parte onde se avista uma placa com um risco encarnado sobre a palavra Brno, em conclusao: longe.
A media de idades ronda os 60 anos. Digamos que Lesná, nome da dita regiao, é a Filadelfia da Republica Checa.
Enfim, tudo isto para chegar ao ponto que nesta zona bairrista, os homens do lixo, que só vêm às terças-feiras, só podem recolher um saco de lixo por casa. Mais do que um equivale a insultos em checo com objectos pouco legais na mão mais um colectivo de sacos à porta mais odio de toda a vizinhança.
Agora expliquem-me como é que quatro pessoas conseguem fazer apenas um saco de lixo, dos medios...numa semana.
Dificil mas nao impossivel segundo a teoria checa.

sábado, dezembro 03, 2005

Futilidades - Parte I

Ultimamente ando com varias dúvidas existenciais na minha cabeça. Uma delas é relativamente a músicas que cantarolava-mos em crianças para zombar com outrem. Exemplos são o pragmático “Toma, Toma” (com o prolongar da ultima vocal) ou o tão abstracto “ nha nha nha nhaaaaa”.

No entanto, existe uma que me anda a preocupar mais do que qualquer estudo frenético de anatomia.

“Mariquinhas pé de salsa foi ao ..... perdeu as .....”

Aqui está o meu grande dilema:
Onde é que o mariquinhas foi e o que perdeu?

Varias versões se apresentam:

1. Foi ao mar perdeu as calças. Esta tem com o seu “qué” de erotico
2. Foi a horta perdeu as calças. Dito mais para os lados de Alcobaça
3. Foi ao mar perdeu as botas. Empregue em Cascais
4. Nao foi a lado nenhum. Apenas se repete o Mariquinhas e o pé de salsa com o dedo erecto.

Por favor, relembrem a vossa infancia e digam a versão que utilizavam.

Nota: Isto é um apelo sério.

sábado, novembro 19, 2005

Censura Checoslovaca

Os do costume: Srª Prof. Drª. Vera Camacho, Srª. Prof. Drª. Joana Carvalho e aqui o “je” estavamos a voltar de um agradavel serão no centro por o meio de transporte mais popular aqui da checa, o tram.

A conversa estava animada, eu insistia nas minhas piadas de bolso, bem como nas minhas imitaçoes deveras engraçadas de macaco acabadinho de fugir do zoo. Tal alcazarra proporcionava o riso nao só das minhas companheiras mas também das mumias dos checos que estavam na carruagem. Nisto, subitamente, o tram pára. O Sr. Condutor, que vou intitular de comuna, abre a porta e faz o tao conhecido gesto do dedo á frente da boca, seguido de um prolongado “shhhhhh...”. Resignado, confrontei o comuna dizendo que estavamos num país livre. Conceito que pelos vistos é falacioso. Voltou a repetir o gesto com um “shhhhh” mais forte. Inconformado, decidi contestar em checo com a bela palavra “Demokracie”.

O que fui eu dizer.

Fulo, o comuna saltou do seu habitaculo, pediu-nos os bilhetes e expulsou-nos do tram, perante a indignação dos outros passageiros que seguiam na carruagem. Ao frio, sentados num banco na paragem Bibelova, a escassos minutos de casa, lá estavamos os três a rir quem nem uns perdidos da ironia de tal situaçao.

Não percam o próximo episódio!

quarta-feira, novembro 09, 2005

Lazer

Encontrei um novo hobbie.
Não! não tem nada a ver com jogo, drogas ou outras coisas ilicitas... e feias.Este hobbie engloba todos os factores de satisfação que os anteriores podem proporcionar. Melhor! é mais limpo e económico. É, nem mais nem menos, (soam os tambores).... a Jardinagem.
Posso ser acusado de metrosexualidade, bem sei que depois do post Ceroulas perdi a credibilidade, mas certo é que me sinto muito homem a cortar relva, a apanhar folhas e a regar as plantas do meu novo jardim.
É um momento só meu. Ali a aparar a relva, sem problemas, somente a relaxar enquanto oiço musica do andar de cima.
Feito o trabalho. A transpirar em bica, com aquele cheirinho a camionista, vislumbro os canteiros com pinheiros, heras e outras flores tao conhecidas que não fazem parte do meu vocabulário ”jardinistico”, faço um sorriso maroto e desejo a proxima sessão.

quarta-feira, novembro 02, 2005

Manhã Nostalgica

Abri os olhos, a caminho do banho relembrei as minhas manhãs de 5ºano, a caminho da escola, na carrinha da Inés e do Sr. Zé Manha (frenético adepto do benfica) a ouvir a RFM.
O jogo da mala com o Antonio Sala saltitou na minha cabeça por alguns minutos.
Rapidamente apercebi que o meu dia iria transbordar de felicidade e boa disposição.

terça-feira, outubro 25, 2005

Pequeno Desabafo

Passei uns bons meses em Salamanca e constatei que esta magnifica cidade segue á risca o lema : ¨So estou bem em obras¨.
Agora em Brno, pensava estar livre do martirio. Enganei-me! Checo que é checo gosta de partir tudo. Qual cidade limpa e acessivel. O que eles querem é estar com a retroescavadora em punho e esburacar tudo a seu redor.
Creio que ainda nao vi nenhuma das ruas principais, sem a famosa placa de sinalizacao onde está um valente homem com a amada picareta.
Quem é que sofre com tudo isto? O inocente peao. Desde gincanas arriscadas, corta-matos perigosos e magotes de poeira na cara...penso que já passei por tudo.
Tres vivas para o ditado 'Parar é Morrer'.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Perigo Checo

Aqui deixo, mais uma vez, um conselho da maior utilidade para o individuo que decida vir a qualquer parte da Republica Checa. Mais especificamente a Brno.

Pois bem, entao voce quer atravessar a estrada.
Primeiro pense bem se quer mesmo tomar essa atitude. Tome o seu tempo. Se quiser levar a sua avante tome nota do seguinte:

Para aquelas pessoas que nunca tenham vindo para estas zonas, aviso que a passadeira é a escolha acertada, esqueca o conceito de atravessar á espanhola, poderá dar-se mal, visto que as estradas estao cheias de maniacodementes a conduzir e existem electricos a passar na estrada, vindos de todas as direccoes possiveis e imaginarias.

Agora esteja atento. Coloque-se na linha da frente, ou seja, na primeira fila de pessoas que estao prestes a efectuar a accao. O sinal luminoso verde, com o celebre boneco andante, durará apenas escassos 2 segundos independentemente do tamanho da estrada. Deverá ser prespicaz!
Em caso de aperto, corra o mais que possa. Nao será confortavel apanhar com um electrico ou carro (a velocidades incalculaveis) nas pernas.

Fico contente pela vossa atencao!

terça-feira, outubro 18, 2005

Sugestao da Casa

Quando entro em algum estabelecimento da area da restauracao pela primeira vez, é habito pedir o prato recomendado pelo chefe. Este vem por seu turno no menu do dia, que supostamente é fresquinho e do melhor. Resulta sempre! Nunca fiquei desiludido com esta atitude...até que cheguei á Republica Checa.
Provavelmente é do choque de cultura, mas a regra, aparentemente simples e infalivel, nao dá resultados praticos por estas bandas.
Comeco.
Todo lampeiro (vocabulo perfeito para a situacao) entrei numa casa de chá, com os do costume. A pandilha destinava-se a jantar o que lhes fosse oferecido, sendo condicao necessaria a rapidez e eficacia, visto que já ultrapassava á muito as horas do "comer".
Sentamo-nos. Prontamente apareceu o tipico empregado que esperamos que nos sirva numa casinha de chá: O Tarzan. Cabalo longo e seboso, camisa havaiana mostrando a selva peitoral, calcao curto ou cueca, nao se percebia bem... e para finalizar, descalco com os pes repletos de porquidao. (Original diga-se de passagem)
Tamanha situacao indicava uma de duas opcoes: ou fuga imediata do local ou... a sugestao da casa.
Assim, escolhemos o risco da segunda.
Conclusao: Apareceu-nos dois pratos de kuskos que mal deu para a cova do dente e um maravilhoso chá espesso a puxar para a cor de tijolo, que sabia a sabao Dove.
Nao deixando ficar mal a bela tradicao tuga, a custo, bebemos e comemos tudo.
Mais tarde abandonámos a selva e aprendemos a licao.

domingo, outubro 09, 2005

Tutores - Parte I

Não podia deixar acabar a minha primeira semana universitária, sem antes dar um pequeno apanhado sobre alguns dos Senhores Doutores que me calharam na rifa.
Ora bem, comecemos por o "Infiltrado". Encarregado por instruirnos em Quimica Médica. Este senhor é nada mais nada menos o clone do antigo treinador do Benfica. Fiquei estupefacto ao perceber que o Sr. Trapattoni para além da sua faceta de treinador defensivo, também lhe dá uns toques em equilibrios quimicos e ligações entre compostos. No entanto assustei-me, pois Trap efectua longas pausas entre palavras, seguindo-se um arfar violento, levando o aluno a suspeitar que esta personagem lampiã possa entrar em paragem cardiaca a qualquer momento.
Segue-se a "Poliglota", professora de Checo, Latim (Francês, Alemão e possivelmente, quem sabe, Mandarim).
Alta e espadauda, com um porte de fazer inveja a qualquer segurança da noite lisboeta. Esta senhora é a rainha da reflexão. Possui um tom de voz possante onde estão presentes estranhos sons intervocálicos, isto é, uma mistura entre gemidos felinos com gritos estridentes de susto. Ás vezes, escolhe a opção monocordica, a minha preferida (mais eficaz que o anuncio dos Patinhos ou o clássico Vitinho).
Continuarei Brevemente.

terça-feira, outubro 04, 2005

Confissão

Uso ceroulas. Admito. Melhor, já estou num ponto de tal adição, que me sinto orgulhoso em vesti-las.
Mal começo a sentir o algodão a deslizar pelas pernas, rasga-se um sorriso de ponta a ponta na minha cara. Satisfação? Claro! É uma bela peça de conforto.
Para quem não sabe do que estou a falar, passo a descrever. Concerteza que já viram ou mesmo usaram uma camisola interior. Pois, a ceroula imita o sentido termorregulador, mas desta vez apenas a pensar nas suas pernas.
De algodão, com terminações fechadas (genero calça de aladino), a ceroula mantem o Homem quente nem que esteja debaixo de uma tempestade de neve na Sibéria.
Ainda não tinha descoberto este maravilhoso artigo. Espero que tenham a oportunidade de experimentar. Eu, já não quero outra coisa!

segunda-feira, outubro 03, 2005

Injeção de Positivismo

Onde há um português, existem sempre dois ou três. Aqui em Brno, já somos dez. Uns de Erasmus e a maioria preparada para a longa temporada médica, 6 anos.
Não estou assustado, muito pelo contrário, estou bastante grato por, finalmente, me darem a oportunidade de ser um cidadão europeu. Ainda não me consciencializei de tamanho estatuto.
Primeiro, em termos linguisticos. O checo é um idioma dificilimo, mas tem a base de todas as linguas de leste da Europa. Após uns anos a falar e escrever checo, idiomas como o eslovaco, polaco, russo e até mesmo o alemão ficarão ao meu alcance.
Depois será, obviamente, a posição geografica. A Republica Checa ocupa um lugar invejável no centro da Europa. Estou a 60km de Viena, a 20Km de Bratislava, a 50 da Polónia, já para não dizer que Croacia, Romenia e a própria Escandinavia (sonho de qualquer macho latino) começam a ser uma realidade bastante viável.
Os meus pés ainda não estão totalmente no chão, espero não levitar.

sexta-feira, setembro 30, 2005

Divkas - "Mulheres"

Gostava de dar o meu contributo informativo, para que qualquer individuo que decida passar uma, pequena ou longa, temporada na Republica Checa tenha em conta situacoes de saudacao normais tendo em conta o contacto com o sexo oposto:

1- Afavel: Lanca-se com um aperto de mao, seguido de dois beijos vigorosos e um valente abraco. A sua aparencia varia mas a simpatia mantem-se constante.

2- Chequinha: Abrange a maioria da sua especie. Escolhe o aperto de mao como arma principal do seu cumprimento, podendo contudo optar por um beijo e deixa-lo de mao estendida. E "fresca" por natureza.

3- Malacheq: Apelidada, tambem, como "Bicho do Mato". Os leitores poderao pensar que é um artigo da coleccao Outono/Inverno 2005 da Armani, devido ao seu nome latino, mas esta criatura é um ser de carne e osso que deambula frequentemente pelas ruas da cidade.
Atencao: Nao efectuar nenhum movimento em falso, genero beijo ou abraco, optar simplesmente pelo "aloj" ou "hi" pois este ser, assustado, contestará com um ar arrogante e cara feia seguido, possivelmente, de um ligeiro grunhido.

Espero ajudar o leigo imigrante, evitando diversas situacoes desagradaveis que, pessoalmente ja experimentei.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Renascimento

Hoje acordei e de repente tudo parece melhor. Visitei o centro da cidade: ruas Česka e Masarikova (genero Oxford Street mas sem pessoas) e pareceu-me...evoluido. Bons cafes, modernos e com gente gira.
Depois passei pela faculdade de Medicina e fiquei impressionado. Para além de ser bem organizada e extremamente bonita arquitectonicamente (palavra que estava mortinho por usar) tem, ainda, um pequeno jardim interior, genero mosteiro do seculo XVI.
Infelizmente é feriado aqui na nossa antiga amiga "Checoslovaquia" e portanto nao consegui tratar da papelada relativa ao semestre. Amanha também é dia!
Entretanto hoje á noite vou a uma apresentacao de alunos espanhois e belgas sobre os respectivos paises. Espero que seja, diferente! Vamos ver o que me reserva este convivio. Será tudo menos checo.

quarta-feira, setembro 28, 2005

Day one

Estes primeiros dias nao tem sido faceis. Falo, especialmente, da minha chegada, ontem. Apanhei o aviao para "Braga" aqui do leste e depois o autocarro ate Brno. Todo o processo de viagem ate á cidade de destino, demorou nada mais nada menos que 12 horas.
Encontrei-me numa estacao de autocarros de uma cidade desconhecida, cansado e carregado com duas malas que pareciam estar cheinhas de pedras da calcada, ali da Praca da Figueira. Enfim... Felizmente a caminho da residencia universitaria encontrei dois anjos, que cairam do ceu, e me ajudaram bastante. Tanto a encontrar o habitaculo onde iria ficar como tambem a traduzirem as informacoes em checo que a senhora, responsavel pela residencia, insistia em clarifiacr. Simpatica, diga-se de passagem, pena ser velha que nem um trapo e falar a trezentos/hora numa lingua que já ¨á priori¨ parece agressiva.

Dormi no silencio do meu quarto, onde apenas se ouviam as notas do terceiro andamento da serenata ao luar de Beethoven.