terça-feira, outubro 25, 2005

Pequeno Desabafo

Passei uns bons meses em Salamanca e constatei que esta magnifica cidade segue á risca o lema : ¨So estou bem em obras¨.
Agora em Brno, pensava estar livre do martirio. Enganei-me! Checo que é checo gosta de partir tudo. Qual cidade limpa e acessivel. O que eles querem é estar com a retroescavadora em punho e esburacar tudo a seu redor.
Creio que ainda nao vi nenhuma das ruas principais, sem a famosa placa de sinalizacao onde está um valente homem com a amada picareta.
Quem é que sofre com tudo isto? O inocente peao. Desde gincanas arriscadas, corta-matos perigosos e magotes de poeira na cara...penso que já passei por tudo.
Tres vivas para o ditado 'Parar é Morrer'.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Perigo Checo

Aqui deixo, mais uma vez, um conselho da maior utilidade para o individuo que decida vir a qualquer parte da Republica Checa. Mais especificamente a Brno.

Pois bem, entao voce quer atravessar a estrada.
Primeiro pense bem se quer mesmo tomar essa atitude. Tome o seu tempo. Se quiser levar a sua avante tome nota do seguinte:

Para aquelas pessoas que nunca tenham vindo para estas zonas, aviso que a passadeira é a escolha acertada, esqueca o conceito de atravessar á espanhola, poderá dar-se mal, visto que as estradas estao cheias de maniacodementes a conduzir e existem electricos a passar na estrada, vindos de todas as direccoes possiveis e imaginarias.

Agora esteja atento. Coloque-se na linha da frente, ou seja, na primeira fila de pessoas que estao prestes a efectuar a accao. O sinal luminoso verde, com o celebre boneco andante, durará apenas escassos 2 segundos independentemente do tamanho da estrada. Deverá ser prespicaz!
Em caso de aperto, corra o mais que possa. Nao será confortavel apanhar com um electrico ou carro (a velocidades incalculaveis) nas pernas.

Fico contente pela vossa atencao!

terça-feira, outubro 18, 2005

Sugestao da Casa

Quando entro em algum estabelecimento da area da restauracao pela primeira vez, é habito pedir o prato recomendado pelo chefe. Este vem por seu turno no menu do dia, que supostamente é fresquinho e do melhor. Resulta sempre! Nunca fiquei desiludido com esta atitude...até que cheguei á Republica Checa.
Provavelmente é do choque de cultura, mas a regra, aparentemente simples e infalivel, nao dá resultados praticos por estas bandas.
Comeco.
Todo lampeiro (vocabulo perfeito para a situacao) entrei numa casa de chá, com os do costume. A pandilha destinava-se a jantar o que lhes fosse oferecido, sendo condicao necessaria a rapidez e eficacia, visto que já ultrapassava á muito as horas do "comer".
Sentamo-nos. Prontamente apareceu o tipico empregado que esperamos que nos sirva numa casinha de chá: O Tarzan. Cabalo longo e seboso, camisa havaiana mostrando a selva peitoral, calcao curto ou cueca, nao se percebia bem... e para finalizar, descalco com os pes repletos de porquidao. (Original diga-se de passagem)
Tamanha situacao indicava uma de duas opcoes: ou fuga imediata do local ou... a sugestao da casa.
Assim, escolhemos o risco da segunda.
Conclusao: Apareceu-nos dois pratos de kuskos que mal deu para a cova do dente e um maravilhoso chá espesso a puxar para a cor de tijolo, que sabia a sabao Dove.
Nao deixando ficar mal a bela tradicao tuga, a custo, bebemos e comemos tudo.
Mais tarde abandonámos a selva e aprendemos a licao.

domingo, outubro 09, 2005

Tutores - Parte I

Não podia deixar acabar a minha primeira semana universitária, sem antes dar um pequeno apanhado sobre alguns dos Senhores Doutores que me calharam na rifa.
Ora bem, comecemos por o "Infiltrado". Encarregado por instruirnos em Quimica Médica. Este senhor é nada mais nada menos o clone do antigo treinador do Benfica. Fiquei estupefacto ao perceber que o Sr. Trapattoni para além da sua faceta de treinador defensivo, também lhe dá uns toques em equilibrios quimicos e ligações entre compostos. No entanto assustei-me, pois Trap efectua longas pausas entre palavras, seguindo-se um arfar violento, levando o aluno a suspeitar que esta personagem lampiã possa entrar em paragem cardiaca a qualquer momento.
Segue-se a "Poliglota", professora de Checo, Latim (Francês, Alemão e possivelmente, quem sabe, Mandarim).
Alta e espadauda, com um porte de fazer inveja a qualquer segurança da noite lisboeta. Esta senhora é a rainha da reflexão. Possui um tom de voz possante onde estão presentes estranhos sons intervocálicos, isto é, uma mistura entre gemidos felinos com gritos estridentes de susto. Ás vezes, escolhe a opção monocordica, a minha preferida (mais eficaz que o anuncio dos Patinhos ou o clássico Vitinho).
Continuarei Brevemente.

terça-feira, outubro 04, 2005

Confissão

Uso ceroulas. Admito. Melhor, já estou num ponto de tal adição, que me sinto orgulhoso em vesti-las.
Mal começo a sentir o algodão a deslizar pelas pernas, rasga-se um sorriso de ponta a ponta na minha cara. Satisfação? Claro! É uma bela peça de conforto.
Para quem não sabe do que estou a falar, passo a descrever. Concerteza que já viram ou mesmo usaram uma camisola interior. Pois, a ceroula imita o sentido termorregulador, mas desta vez apenas a pensar nas suas pernas.
De algodão, com terminações fechadas (genero calça de aladino), a ceroula mantem o Homem quente nem que esteja debaixo de uma tempestade de neve na Sibéria.
Ainda não tinha descoberto este maravilhoso artigo. Espero que tenham a oportunidade de experimentar. Eu, já não quero outra coisa!

segunda-feira, outubro 03, 2005

Injeção de Positivismo

Onde há um português, existem sempre dois ou três. Aqui em Brno, já somos dez. Uns de Erasmus e a maioria preparada para a longa temporada médica, 6 anos.
Não estou assustado, muito pelo contrário, estou bastante grato por, finalmente, me darem a oportunidade de ser um cidadão europeu. Ainda não me consciencializei de tamanho estatuto.
Primeiro, em termos linguisticos. O checo é um idioma dificilimo, mas tem a base de todas as linguas de leste da Europa. Após uns anos a falar e escrever checo, idiomas como o eslovaco, polaco, russo e até mesmo o alemão ficarão ao meu alcance.
Depois será, obviamente, a posição geografica. A Republica Checa ocupa um lugar invejável no centro da Europa. Estou a 60km de Viena, a 20Km de Bratislava, a 50 da Polónia, já para não dizer que Croacia, Romenia e a própria Escandinavia (sonho de qualquer macho latino) começam a ser uma realidade bastante viável.
Os meus pés ainda não estão totalmente no chão, espero não levitar.